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A história da cerâmica é contagiante!

Definição
O termo (do grego keramos, “argila”) refere-se à manufatura de objetos em barro, posteriormente cozidos. De acordo com o material utilizado e com a técnica empregada, classifica-se a cerâmica em terracota (peça de argila cozida no forno, sem ser vidrada, embora, às vezes, pintada), cerâmica vidrada (cuja modalidade mais conhecida é o azulejo), grés (cerâmica vidrada, às vezes pintada, feita de pasta de quartzo, feldspato, argila e areia) e faiança. Esta última designa louça fina obtida de pasta porosa cozida a altas temperaturas, envernizada ou revestida de esmalte sobre o qual pintam-se motivos decorativos. O termo descreve também um tipo de técnica de majólica com esmalte branco e decoração sóbria, desenvolvida na Itália, durante o Renascimento, na cidade de Faenza. A história da cerâmica acompanha a história das civilizações, desde a descoberta do fogo. A argila queimada é utilizada em todas as sociedades – das mais antigas às consideradas “primitivas”, passando pelo Oriente e Ocidente – para a realização de objetos decorativos, utilitários e outros de fins rituais. Os estudiosos localizam as primeiras cerâmicas no século 5.000 a.C., na região de Anatólia (Ásia Menor), que passam a integrar, a partir daí, as mais diversas culturas, distantes no tempo e no espaço. Em cada uma delas, por sua vez, alcança diferentes segmentos sociais: das camadas mais pobres e inferiores na hierarquia social, aos estratos superiores. Na Grécia, entre 1.000 e 330 a.C., oleiros e decoradores, sempre homens, realizam peças de cerâmica, pintadas em geral com cenas de batalhas e de conquistas. A cerâmica chinesa, entre 550 e 480 a.C., liga-se à tradição religiosa, aos ritos e cultos. O viajante Marco Polo (1254 – 1354), chama a atenção para a beleza da porcelana chinesa, que se difunde na Europa através de Veneza, nos séculos XIV e XV. Não apenas objetos, mas também técnicas chinesas chegam ao Ocidente, que começa a fazer uso delas já no século XVI. Os procedimentos de feitura da porcelana chinesa chegam logo ao Japão, que auxilia também a difundi-los.

Diante desse quadro, parece difícil acompanhar a história da cerâmica, todas as suas modalidades técnicas e tipos de utilização. Se nos concentramos no Ocidente, vemos que aí também a cerâmica se faz presente nos objetos de uso doméstico, na arquitetura (datam dos séculos XV e XVI as primeiras tentativas ocidentais de emprego da cerâmica – escultórica e azulejos – na decoração e valorização da arquitetura exterior) e nas artes em geral, sobretudo nas chamadas artes aplicadas. Na segunda metade do século XIX, na Inglaterra, por exemplo, desenvolve-se uma “art pottery” (cerâmica artística), em torno de 1850, por meio de artistas reunidos no Arts and crafts, numa tentativa de reação à cerâmica industrial. Diversos ateliês são criados para viabilizar essa produção, entre os quais, o Art Pottery Studio (1871) e o Wedgwood, dirigido por Alfred (1865 – 1960) e Louise Powell (1882 – 1956). O Movimento das Artes e Ofícios, ao matizar as fronteiras entre arte e artesanato pela valorização dos ofícios e trabalhos manuais, lança as bases para o art nouveaueuropeu e norte-americano, estilo que inclui também significativa produção em cerâmica. As linhas sinuosas e assimétricas, as formas vegetais e os ornamentos florais se fazem presentes nos vasos, luminárias e objetos de Émile Gallé (1846 – 1904), um dos nomes mais conhecidos dessa escola, que se notabiliza pelo uso da cerâmica e do vidro. Os nomes de Thédore Dek (1823 – 1891), e seu ateliê de faianças, assim como o de Émile Müller, que dirige uma manufatura que produz grés, em Ivry, são outras referências importantes para a cerâmica art nouveau realizada na França. Não apenas na França, mas também na Áustria, integrantes da Secessão vienense, como o pintor Gustav Klimt (1862 – 1918), criam vasos e objetos de cerâmica de feição art nouveau.

Uma expressiva produção em cerâmica tem lugar nas artes decorativas dos anos de 1920, cujo marco é a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas, realizada em Paris, em 1925. O vocabulário art deco – termo que dá nome a esse estilo “anos 20”, com suas linhas retas e formas geométricas a explorar motivos animais e formas femininas – se imprime na cerâmica produzida pela Companhia de Arte Francesa (1919), dirigida pelo arquiteto Louis Süe (1875 – 1968) e pelo designer André Mare (1885 – 1932). Para a Exposição de 1925, Süe e Mare criam um pavilhão que exibe objetos de decoração de interior, entre eles um enorme serviço de jantar em cerâmica. Aí também se fazem presentes relevos de cerâmica criados por Paul Véra (1882 – 1971). Uma cerâmica de inspiração art deco – especialmente objetos para interiores – sai do Ateliê Primavera, que se estabelece na famosa loja de departamentos francesa, Les Grands Magasins du Printemps. A Manufatura Nacional de Sévres, estabelecida no século XVIII, produz cerâmica de feitio art deco, recrutando artistas como Raoul Dufy (1877 – 1953) e Roberto Bonfils (1886 – 1971), entre outros, para decorar as peças. Ainda na França, nesse mesmo período entre guerras, a cidade de Limoges torna-se o centro mais importante de produção de porcelana, a ponto de o termo “limoges” se transformar em sinônimo de porcelana francesa em geral.

Na Alemanha, a cerâmica encontra abrigo na Bauhaus, por meio de diversos artistas como Theodor Bogler (1896 – 1968), Lucia Moholy (1894 – 1989), Marguerite Wildenhain (1896 – 1985) e Margarete Heymann-Marks (1899 – s.d.). As pesquisas formais e tendências construtivistas características da produção da escola criada por Walter Gropius (1883 – 1969) se apresentam em objetos de cerâmica de linhas retas e decoração sóbria, inspirada, do ponto de vista da decoração, no estilo desenvolvido por Piet Mondrian (1872 – 1944) e Theo van Doesburg (1883 – 1931): a pureza das linhas e o emprego de cores primárias. Na antiga Europa Oriental, mais precisamente na Tchecoslováquia, artistas e arquitetos da região da Bohemia – Vlastislav Hofman (1884 – 1964) e Pavel Janák (1882 – 1956) – produzem objetos utilitários em vidro e cerâmica que se particularizam por certo caráter monumental normalmente associado à arquitetura e à escultura. Fora de escolas, grupos e/ou movimentos, diferentes artistas experimentam a cerâmica, seja em objetos ou em esculturas, ou somente decorando peças realizadas por outros. Alexander Archipenko (1887 – 1964), por exemplo, realiza algumas esculturas em cerâmica (Walking Woman, 1937, peça em terracota), assim como Bruno Munari (1907 – 1998), artista ligado ao futurismo italiano; Pablo Picasso (1881 – 1973), por sua vez, produz pratos pintados em cerâmica; Vassily Kandinsky (1866 – 1944) decora porcelana, criando desenhos para a State Porcelain Factory, de Leningrado, Rússia.

No Brasil, além do farto uso do azulejo na arquitetura de diversas épocas, é possível localizar uma ampla e variada cerâmica produzida por diversas sociedades indígenas, além de uma cerâmica popular, que toma a forma de objetos para uso corrente (por exemplo, a cerâmica do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais) e esculturas (os bonecos e cenas criados pelos artesãos e artistas da região nordeste, dos quais o mais célebre é Mestre Vitalino (1909 – 1963)). No norte do país, em Belém, apropriações do estilo art nouveau se mesclam às representações da natureza e do homem amazônicos em uma cerâmica pintada com grafismos da arte marajoara, que se popularizam em peças decorativas de Theodoro Braga (1872 – 1953), por exemplo. Se uma série de artistas entre nós fez uso da cerâmica de forma esporádica, a cerâmica artística vem sendo realizada por um grupo que se define prioritariamente como ceramistas, entre os quais se encontram Kimi Nii (1947)Norma Grinberg (1951)Ofra Grinfeder (1945) e Lygia Reinach (1933).

Fonte: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo4849/ceramica

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GABRIELLE ABRÃO

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