Impossível deixar de falar de Karl Lagerfeld! Nós da Maison Gabrielle queremos registrar nossa homenagem a esse ícone da moda de todos os tempos!
Karl Lagerfeld foi um dos estilistas mais famosos do mundo. O designer de moda foi diretor criativo da Chanel e da casa de moda italiana Fendi, além de também dirigir a sua própria casa de moda Karl Lagerfeld.
Ele possui uma história particularmente notável, marcada por inovações, polêmicas e controvérsias. Seu estilo é marcado pelo seu cabelo branco, óculos escuros e luvas.
Confira a seguir tudo sobre essa lenda do mundo da moda.
A história de Karl Lagerfeld
Karl Otto Lagerfeld nasceu na cidade alemã de Hamburgo, em 1933, filho de um rico empresário da Suécia, que trabalhava com a produção de leite em pó. Sua mãe, por sua vez, era de Berlim. Era violinista e trabalhava com a venda de lingeries quando conheceu seu marido. Eles se casaram no ano de 1930.
Karl Lagerfeld era conhecido por evitar que o público saiba sua data de nascimento real, provavelmente em uma tentativa de ocultar a sua verdadeira idade. Em função disso, chegou a dar informações contraditórias em uma entrevista cedida em 2009 para uma emissora francesa de televisão, fazendo a confusão da audiência.
No entanto, o anúncio do seu nascimento e o registro de batismo confirmam que ele nasceu em 1933.
Na década de 1930, a família de Karl se mudou para uma região rural, devido à ascensão de Hitler ao poder da Alemanha. Os Lagerfeld só voltaram à Hamburgo anos mais tarde, quando Karl já era um adolescente e passou a se dedicar à carreira fashion.
Quando criança Karl frequentou escolas particulares, e terminou o ensino secundário no Lycée Montaigne, em Paris, no qual se formou em desenho e história.
Lagerfeld foi contratado como assistente por Pierre Balmain, após vencer um concurso de design promovido por uma instituição internacional. O evento ocorreu em 1955, e ele foi o vencedor na categoria de casacos. Esse acontecimento foi um grande marco para a história profissional de Karl Lagerfeld, que a partir de então ingressou no mundo da moda.
Carreira profissional
Após três anos trabalhando na casa francesa Pierre Balmain, ele ingressou na Jean Patou, grife de mesma origem que a anterior. Lá, Lagerfeld projetou duas coleções de alta costura por ano, durante os cinco anos em que trabalhou para a marca.
Sua primeira coleção foi apresentada em 1958, na qual ele usou o nome Roland Karl ao invés de Karl Lagerfeld.
Sua estreia na Jean Patou foi mal recebida pela crítica de moda. A jornalista de moda americana Carrie Donovan escreveu que “a imprensa vaiou a coleção”.
Em 1960, Lagerfeld apresentou uma linha de saias para a temporada da primavera, a qual também não foi bem recebida. Dessa vez, Carrie Donovan escreveu que a linha “parecia inteligente e extremamente comercializável, pronta para vestir, não alta costura”. No mesmo ano, ele lançou pequenos chapéus especiais. Apesar de terem sido bem recebidos, a crítica em geral apontou que a linha não era inovadora.
Lagerfeld relata que passou a ficar entediado na Jean Patou, e então decidiu passar dois anos viajando por diversas praias.
A Tiziani
De volta ao trabalho em 1963, o designer começou a desenhar para a Tiziani, casa de alta costura italiana fundada por Evan Richards naquele mesmo ano. Seu início na grife foi marcado pela haute-couture (alta-costura) e depois pelo prêt-à-porter, cujo rótulo era “Tiziani – Roma / Made in England”.
A primeira coleção nascida dessa parceria foi apresentada no mesmo ano. Elizabeth Taylor era uma das grandes fãs da marca, bem como outros nomes de renome, como Gina Lollobrigida, Doris Duke, e a Princesa Marcella Borghese. O desenhista se manteve na casa de moda de Richards até 1969, quando então foi substituído por Guy Douvier.
Em 1964, ele começou a trabalhar como freelancer para mais uma casa de moda francesa famosa, a Chloé.
Inicialmente, Lagerfeld contribuía com algumas peças a cada estação, e posteriormente passou a projetar coleções inteiras para a grife. Algum tempo depois, ele foi nomeado o novo diretor artístico da grife, com a responsabilidade de reinventar a marca, que encontrava-se, na época, em declínio. Isso aconteceu décadas mais tarde, em 1991.
O designer também atuou com uma breve colaboração para a casa de moda Curiel, por meio de um projeto de alta-costura. Isso aconteceu em 1970, no ano seguinte do falecimento de Giglioga Curiel.
Na Primavera de 1973, Lagerfeld ganhou as manchetes de revistas e jornais com sua nova coleção para a Chloé, que obteve destaque por oferecer algo que fosse “alta moda e alta acampamento” ao mesmo tempo. As jaquetas dessa coleção foram o maior sucesso. Outro item de relevância foi a saia “surpresa”: com comprimento até o tornozelo, feita de seda plissada e caimento solto, que ajudava a esconder que na verdade a peça se tratava de uma calça.
Atuação na Chanel
Em 1983, Karl Lagerfeld foi nomeado diretor criativo pela Chanel, com o objetivo de perpetuar o estilo lançado pela fundadora Coco Chanel, falecida em 1971.
A primeira linha lançada por Karl Lagerfeld para a Chanel foi um verdadeiro resgate às décadas de 1920 e 1930, contando com referências do trabalho deixado por Coco Chanel.
Nessa época, a grife estava à beira da falência, mas o estilista alemão foi capaz de trazê-la de volta ao sucesso. Ao mesmo tempo em que levou modernidade e renovação para a maison, conseguiu manter as características marcantes e o legado da icônica marca francesa, evitando que ela caísse no esquecimento.
Na década de 80, o designer escolheu a modelo Inès de la Fressange como égérie (musa) da marca. A escolha se deu devido a sua semelhança com Coco, em uma tentativa de reencarnar a imagem da estilista.
Inès foi a primeira modelo a assinar contrato de exclusividade com uma casa de alta costura. Além disso, também foi a primeira a tornar-se uma estrela famosa e popular na história da moda.
Em 2004, Lagerfeld desenhou para a maison francesa os dois selos de Saint-Valentin emitidos pelo Correio Francês.
Karl também foi o responsável pela renovação das clássicas bolsas da grife francesa, que nunca deixaram de ser um grande sucesso e um verdadeiro sonho de consumo entre os grandes apreciadores da moda.
A cada coleção, as bolsas Chanel aparecem em novos tecidos, tons e formas. Karl foi responsável por lançar peças incríveis e ousadas, sem perder a essência da grife. Há poucos anos, desenvolveu uma nova linha, que foi batizada de Gabrielle, em homenagem à Coco, cujo nome de batismo era Gabrielle Bonheur Chanel.
Atuação na Fendi
A história de Karl Lagerfeld com a Fendi é ainda mais antiga do que com a Chanel: ele é o diretor criativo da Fendi desde 1965. Essa história rendeu inclusive um livro, lançado em 2015. A obra, intitulada Fendi By Karl Lagerfeld, conta com relatos, desenhos, entrevistas e memórias do estilista alemão.
Karl entrou para a história em 2015, quando a Fendi estreou na Semana de Moda de Paris, tornando-o o primeiro estilista a comandar dois desfiles de alta-costura na mesma temporada (Fendi e Chanel).
Uma das criações mais icônicas da Fendi é a bolsa Peekaboo, por Sylvia Venturini Fendi. A peça surgiu na coleção Primavera/Verão de 2009. O nome faz referência à uma brincadeira (peek a boo). A peça foi recriada recentemente, em comemoração aos seus 10 anos de lançamento.
Outra invenção de destaque da label italiana são os chaveiros, que chamam bastante a atenção e aparecem em diversos tamanhos e formatos. Há, inclusive, um modelo de “mini Karl Lagerfeld”.
A atriz e modelo Cara Delevingne desfilou na Semana de Moda de Milão de 2014 usando um casaco-vestido preto com capuz felpudo, e segurando o acessório que homenageia o artista.
A marca Karl Lagerfeld
Foi em 1984 que Karl finalmente criou sua marca, localizada no número 144 da Champs-Élysées.
Em 2002, foi lançada uma coleção especial denim, feita em parceria com Renzo Rosso, fundador da Diesel. A coleção, chamada Lagerfeld Gallery by Diesel, foi co-projetada por Lagerfeld e desenvolvida pela equipe de criação da Diesel, sob a supervisão de Rosso. Era composta por cinco peças, que foram apresentadas em desfiles do designer durante a Paris Fashion Week.
Os modelitos foram vendidos em edições limitadas em suas galerias em Paris e Mônaco, e no Diesel Denim Gallery em Nova York e Tóquio. Já na primeira semana de vendas em Nova York, mais de 90% das calças já havia sido vendidas, com preços que variavam de 240 dólares a US$ 1.840.
Em 2004, foi lançada uma linha limitada de roupas Lagerfeld pela H&M, com peças masculinas e femininas. Apenas dois dias após a divulgação dos pontos de venda e os estoques já tinham quase se esgotado.
Apesar do enorme sucesso, Lagerfeld expressou certa preocupação e receio em trabalhar com marcas low-end (que apresentam peças com preços baixos, para clientes que não têm condições de investir grandes quantidades de dinheiro em peças da moda).
A linha K par Karl foi lançada em 2007, com o objetivo de rejeitar o espírito denim chique de estilo urbano.
Em 2010, Karl Lagerfeld foi homenageado com um prêmio criado para ele, pelo The Couture Council of The Museum at FIT (Conselho de Alta Costura do Museu do Instituto de Tecnologia Fashion, em tradução livre para o português). O prêmio, intitulado Couture Council Fashion Visionary Awards, foi entregue em um almoço beneficente no Avery Fisher Hall, em Nova York.
As inovações mais marcantes
Da década de 1970 em diante, Lagerfeld passou a trabalhar ocasionalmente como figurinista em algumas produções teatrais. Ele colaborou com artistas como Luca Ronconi e Jürgen Flimm, e projetou figurinos para teatros como o La Scala (Milão) e o Burgtheater (Viena), entre outros.
Lagerfeld desenhou os figurinos para as sequências do filme Callas Forever, de 2002, e para o filme De Salto Alto, de Pedro Almodóvar.
Em 2004, o designer trabalhou em algumas roupas para a cantora Madonna, que usou-as em sua turnê Re-Invention. O designer fez também as roupas de Kylie Minogue para a Showgirl Tour, de 2005.
Karl sempre trabalhava para produzir desfiles dos jeitos mais inusitados e divertidos possíveis, inspirados em lugares como supermercados, aeroportos e cassinos. Sua ideia era mostrar que as roupas da grife não se encaixam apenas em ocasiões formais.
No desfile da temporada de inverno 2014/2015 da Chanel, Karl transformou o Grand Palais em um supermercado. No cenário, o próprio estilista e suas modelos entraram empurrando carrinhos e escolhendo produtos das prateleiras.
Polêmicas e discriminação
A história do designer de moda alemão também é marcada por uma série de polêmicas e controvérsias. Na Semana de Moda de Milão de 1993, a stripper e atriz pornô italiana Moana Pozzi foi uma das modelos a desfilar para a coleção Black and White da Fendi. A atual editora-chefe da revista Vogue norte-americana Anna Wintour se retirou do desfile.
Em 1994, Lagerfeld fez uso de um verso do Alcorão para apresentar a sua coleção de alta-costura de primavera para a Chanel daquele ano. Isso gerou uma grande polêmica, quando estudiosos muçulmanos começaram a incentivar que fosse feito um boicote à grife. O designer se desculpou, alegando que havia retirado o trecho de um livro sobre o Taj Mahal, acreditando ser originalmente um poema.
Anos depois, outra polêmica! Em 2001, no desfile de moda no Lincoln Center, em Nova York, ativistas da organização não-governamental PETA (People for the Ethical Treatment of Animals, ou Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais, em tradução para o português) fizeram protestos contra Lagerfeld. Um porta-voz da PETA chamou o estilista de “designer de dinossauros”, pois continua a usar peles de animais em suas coleções.
A cantora britânica Adele foi alvo de comentários polêmicos de Karl Lagerfeld em 2012, quando ele disse que ela é “um pouco gorda demais”, o que causou grande fúria em todo o Reino Unido e ao redor do mundo.
Posteriormente, ele veio a se desculpar, e a cantora rebateu a crítica maldosa do estilista, dizendo que é como a maioria das mulheres, e que sente orgulho por isso.
Meses mais tarde no mesmo ano, Lagerfeld voltou a protagonizar outra polêmica devido aos seus comentários inconvenientes. Nessa situação, o designer elogiou a aparência de Kate Middleton, duquesa de Cambridge, e em seguida criticou a sua irmã, Pippa Middleton.
Ele disse: “Kate Middleton tem uma silhueta bonita e é a garota certa para aquele menino. Eu gosto desse tipo de mulher! Eu gosto de belezas românticas” e acrescentou, sobre Pippa: “Ela se esforça. Mas eu não gosto do seu rosto. Ela só devia mostrar-se de costas!”
Em meio a uma história rica e cheia de acontecimentos, inovações, surpresas, posturas consideradas inadequadas e comentários preconceituosos, Karl Lagerfeld é hoje um dos maiores nomes do mundo da moda.
E você, o que achou dessa figura inusitada e surpreendente? Comente abaixo com a sua opinião sobre o designer alemão.